sexta-feira, abril 28, 2006

Discurso directo [1]

Naquele dia decidi não tornar a dizer o teu nome. Jurei esquecer-lhe as letras: os traços com que se desenham e o som que produzem quando ditas todas juntas.
Por alguma razão que até ao momento desconheço, todos os dias chovem na minha vida pessoas com o teu nome. Por todos os motivos, vindas de todas as partes. Apesar do sobressalto que ainda me causa, tento acreditar que é por um bom motivo. Um bom presságio. Um bom augúrio. Não há por que negar que fui feliz durante o tempo que chamei por ti. E o teu nome pode voltar aos meus ouvidos sempre, as vezes que quiser, mas agora com a obrigatoriedade de vir em pessoas diferentes de ti. Porque igual ou pior também é difícil. Só mesmo melhor.
E um dia destes, assim de repente, vou ouvir o teu nome e aperceber-me que já não é teu e que, sem querer, te esqueci.