quarta-feira, janeiro 24, 2007

S: de Saudade.

Nunca fui de grandes patriotismos.
Portugal é um país pequeno com mentes a condizer. Os portugueses são, de um modo geral, tristes (não necessariamente no sentido de deprimidos, embora se registem cada vez mais casos nessa categoria), hesitam em aprender, não têm dentes e muitos não sabem ler ou escrever.
Portugal é um país fisicamente bonito. Pode ter poucas curvas, mas tem «umas costas» lindíssimas, onde podemos amolecer no verão, estendidos ao sol (outra bênção concedida a este cú de judas à beira mar plantado). Tem paisagens maravilhosas do Douro ao Caldeirão e uma capital esplendorosa, cheia de luz, a cair de podre e a abarrotar de miséria.
O português é uma língua complexa. Dura e fechada, pouco romântica e difícil de aprender, segundo dizem, excepto para as gentes de Leste, por sinal.
Reconheço a Portugal, aos portugueses e ao português algumas características únicas, para o bem e para o mal.
Dizem que «saudade» não tem tradução para qualquer outra língua. Que é, portanto, uma palavra só nossa, que todos podem sentir mas só nós podemos usar e resumir tamanha sensação de ter tido e já não ter a sete letras apenas.
Portugal tem vindo, nas últimas décadas, a alcançar lugares cimeiros nos inúmeros rankings europeus pelas piores razões e recentemente foi até apontado como exemplo a não seguir.
Hipoteticamente, supondo que cada idioma tem exclusividade sobre uma palavra e respectivo significado, até nisto temos azar. Tinha de nos calhar a saudade. Que de todos os sentimentos é o que mais transtorna, descompensa, angustia e faz chorar.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ultimamente essa seria a palavra que me define Saudade, nao pelo sentido em si que ela confere mas pelos sentimentos que a ela andam atrelados. e falo de atrelados e não acompanhados, porque pesam em quem os sentem e raramente acompanham esse peso... Quando muito ainda o tornam mais insuportavel. Angustia, choro, descompensação, tudo isso numa pessoa, tudo isso num nao saber, tudo isso no dia de hoje ou amanha, tudo isso na ignorancia dos que se movem á volta, tudo isso na distracção, tudo isso no ignorar o que o outro sofre, por estar só ou se sentir incompreendido. Muitas vezes é mais a incompreensao que a solidao que magoa. Tudo isso, numa só palavra: eu.

terça-feira, fevereiro 20, 2007 11:48:00 da tarde  

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