Nunca fui de grandes patriotismos.
Portugal é um país pequeno com mentes a condizer. Os portugueses são, de um modo geral, tristes (não necessariamente no sentido de deprimidos, embora se registem cada vez mais casos nessa categoria), hesitam em aprender, não têm dentes e muitos não sabem ler ou escrever.
Portugal é um país fisicamente bonito. Pode ter poucas curvas, mas tem «umas costas» lindíssimas, onde podemos amolecer no verão, estendidos ao sol (outra bênção concedida a este cú de judas à beira mar plantado). Tem paisagens maravilhosas do Douro ao Caldeirão e uma capital esplendorosa, cheia de luz, a cair de podre e a abarrotar de miséria.
O português é uma língua complexa. Dura e fechada, pouco romântica e difícil de aprender, segundo dizem, excepto para as gentes de Leste, por sinal.
Reconheço a Portugal, aos portugueses e ao português algumas características únicas, para o bem e para o mal.
Dizem que «saudade» não tem tradução para qualquer outra língua. Que é, portanto, uma palavra só nossa, que todos podem sentir mas só nós podemos usar e resumir tamanha sensação de ter tido e já não ter a sete letras apenas.
Portugal tem vindo, nas últimas décadas, a alcançar lugares cimeiros nos inúmeros rankings europeus pelas piores razões e recentemente foi até apontado como exemplo a não seguir.
Hipoteticamente, supondo que cada idioma tem exclusividade sobre uma palavra e respectivo significado, até nisto temos azar. Tinha de nos calhar a saudade. Que de todos os sentimentos é o que mais transtorna, descompensa, angustia e faz chorar.