terça-feira, março 28, 2006

Water Closet.


O assunto que me leva a escrever é por demais conhecido e por "demenos" original. Embora nunca tenha lido nada acerca do tema, estou convicta que já muito se deve ter escrito e falado sobre ele. Seja como for, hoje não resisto a dizer umas palavrinhas sobre as pérolas que se encontram gravadas nas portas das casas de banho para uso público (admitindo que em casa ninguém faz isso).
Há frases para todos os gostos, por vezes tratados completos, mas hoje li uma, na porta da casa de banho das senhoras, que me deixou francamente preocupada.
Dizia assim:

AMO-TE ZÉ! CASA COMIGO!
Ass.: Paula.

Agora eu pergunto: quais são as probabilidades do Zé ler aquilo, naquele sítio? Será que utiliza aquela toilette com frequência? E se sim, isso não deveria preocupar - e seriamente - a Paula, a ponto de não querer casar com ele?
Eu cá não sei, mas
(i) ou ela é parva e não percebeu que, para ele ler, teria de ter escrito aquilo no WC dos homens;
(ii) ou o Zé é gaja por baixo da roupa e ela é parva por ainda não ter percebido,
(iii) ou ela sabe que assim é (e que ele usa aquele cubículo com todo o direito feminino), e é parva porque vai - ou pelo menos quer - casar com ele;
(iv) ou então é parva porque ninguém quer casar com um travesti;
(v) ou então ela é o máximo da modernidade e quer casar com ele por isso mesmo.

É como digo, eu cá não sei. Mas Zé: se estás a ler isto, a Paula quer que te cases com ela.

domingo, março 26, 2006

Byte me.

Fez hoje uma semana que o meu computador teve alta do hospital.
Veio de lá com um coração novo. Sístole e diástole como se querem: coordenadas.
Antes disso, claro está, teve um colapso. Grave, devo dizer. E eu também andei lá perto porque, nos dias de hoje, ficar sem computador ou sem telemóvel dá direito a 3 meses de baixa por depressão profunda.

Primeiro pensei que havia esperança. Abri a agenda nas letras G e N (Geeks e Nerds)* e contactei alguns dos meus amigos entendidos na matéria para explicar o sucedido e tentar perceber o que poderia ser. Alinhavei umas datas com eles, a fim de poderem conferir o estado da máquina. Acabei por desmarcar tudo e decidir-me por um médico à seria. O mesmo é dizer que, desta vez, resolvi abrir os cordões à bolsa.
Quando entrei nas urgências, mantinha a esperança de que ele se salvaria sem grandes intervenções ou espalhafatos. A meio da tarde, quando me ligou o enfermeiro a narrar a evolução da situação, confesso que fiquei um bocado mais apreensiva. Disse-me que ia ser necessário transplantar umas peças, ajeitar outras tantas e, quanto às antigas

- Ele não reconhece o disco, compreende?
- Compreendo.
- Estamos a tentar que reconheça, mas caso isso não aconteça...
- Sim...?
- Não vamos conseguir recuperar nada.
- Ah.
- Vamos ver...
- ...

Por qualquer razão que desconheço, continuei esperançosa na recuperação da informação, que não era pouca.
Eu sou o tipo de pessoa que não faz cópias de segurança. Para ceder a essa maçada, é preciso que o computador já esteja mesmo muito cheio. Mas isso, só por si, não é o problema; a grande chatice é ficar engasgado, impedido de funcionar a uma velocidade decente que não me faça mandar três murros no teclado e clicar no rato como se não houvesse amanhã

- Vá láááá, pááááá!

Ora para quem não faz backups, o medo das avarias é exponencialmente superior ao de quem tem tudo gravadinho em CD's e catalogado alfabeticamente.
Escusado será dizer que foi tudo c'o caraças (para não dizer pior). A informação armazenada durante anos foi enterrada juntamente com o velho coração.
Primeiro foi o choque. Depois a tragédia. A seguir o drama e o horror. Como não havia nada a fazer, aguentei e não chorei.
O aparelho voltou para casa, combalido mas sereno. Eu tentava não pensar que nem um ficheirito de excel se tinha salvo.
Liguei tudo e pus isto a funcionar normalmente, ao mesmo tempo que afastava da ideia a desgraça sucedida. (Dupla dsgraça, aliás.)
Uma semana passada, cá estamos. Eu e ele, a funcionar a bom ritmo, sem saudades do passado. Por algum motivo que ainda não consegui apurar, não senti grande falta do que desapareceu. Não é que não tenha precisado, porque precisei. Mas talvez tenha sido por não haver nada a fazer, e há que aceitar as circunstâncias como elas são. E também porque o que foi pr'ó galheiro pertencia a um passado a que não quero permanecer ligada.
Motor novinho, coração vazio. Backups? Não, obrigada.

Siga la fiesta!

*Designação afectuosa, obviamente. Sem eles eu não sobreviveria. Bem-hajam, meus caros.

sábado, março 25, 2006

Até já.

O telémovel toca. Número privado. Normalmente não atendo, mas como pode ser trabalho...

- 'Tou?

Não é trabalho. Antes fosse. A conversa inicia-se.

Ao fim de...

5 minutos, começo a ter de me esforçar para manter a concentração na voz do outro lado;
7..., estou distraída; a minha atenção vai e vem; disperso na conversa alheia que se desenvolve à minha volta;
10..., reviro os olhos; penso no que está em falta no meu frigorífico e escrevo, mentalmente, uma lista de compras;
11 minutos, digo 'tá bem então... depois falamos; não resulta; começa a ser fisicamente doloroso;
13 minutos, reviro os olhos, afasto o auscultador da orelha e respiro fundo; aproximo novamente o telefone do canal auditivo; confirma-se: a conversa é dolorosamente desinteressante;
16..., penso e se, subitamente, eu ficasse sem rede?
17 minutos, ou sem bateria?
19..., desespero e fecho os olhos;
22 minutos, começa a gerar-se um barulho ensurdecedor na minha mesa, no balcão e no café inteiro; ocorre-me que é melhor aproveitar a deixa e digo que não estou a ouvir nada bem e que é melhor falarmos depois, receando ao mesmo tempo que me peça para sair do sítio onde estou para conseguirmos falar melhor; felizmente não;
23 minutos; desligo; penso que se fosse a Ally McBeal apareceria nesse instante vestida de anjo a cantar uma enorme, enormíssima, Aleluia (e mais um Jesus, Maria e José) no café cheio de gente.

Pergunto-me porque é que mantenho certas amizades. Amizades é como quem diz; o que eu pelos vistos mantenho é o contacto com pessoas de quem já fui amiga. Não sei para quê. O tempo passou, as vidas mudaram, os interesses são outros. Eu quero lá saber das mobílias novas, dos arranjos do carro e das primas internadas.
Já não temos rigorosamente nada para falar.

quinta-feira, março 23, 2006

O banho dos ricos.


Se eu algum dia tive a pretensão (sinceramente não me lembro) de ser suficentemente interessante (é só isso que é preciso, não é?) para aparecer nas revistas, hoje perdi-a.
Não nego que ouvi falar das fotografias que Cinha e su hija tinham tirado para a GQ. Mas devo dizer, com toda a franqueza, que só tinha visto aquela que saiu na capa. E vi-a num outdoor qualquer de Lisboa.
Esta noite, alguém teve a amabilidade de me enviar um e-mail com algumas (se calhar todas, não sei) das imagens. Estão muito bem, muito giras, muito sexy e muito artísticas. Depreendo que o fotógrafo é competente.
Porém, tenho de confessar que deitaram por terra o meu sonho de alguma vez vir a pertencer ao "jet-seven". Vi logo que elas são de outro nível e que jamais o alcançarei, porque há princípios e hábitos que prezo, e tenho muitas dúvidas quanto a conseguir abandoná-los. Passo a enumerar:
(i) o tapete da minha casa-de-banho tem de ser liso. Persas e de Arraiolos são para outras assoalhadas;
(ii) a minha mãe (ou seja quem for) não pode estar presente na casa-de-banho, nem quando lavo os dentes. O espaço é pequeno e eu gosto de me mexer à vontade;
(iii) a minha mãe também não pode andar com uma combinação do tempo da Guerra de 14. Se tiver que usar alguma, oxalá não, que seja minimamente moderna;
(iv) a minha banheira tem de ter cortinado ou vidro. Caso contrário tenho demasiado trabalho a limpar as poças que ficam no chão depois do duche. E ter trabalho é coisa que não me agrada.
Por último, e foi aqui que eu percebi, efectivamente, que por mais sangue azul que tenha, por melhores maneiras que aprenda com a "Totone" e por muitas "tias" que arranje...
(v) eu só tomo banho completamente despida. Porque de cuecas, soutien e camisa não me dá jeito absolutamente nenhum.
Por tudo isto, só me resta reconhecer e lamentar que não estou - e provavelmente nunca estarei - à altura das ilustres Jardinhas e quejandas.

B: de Bola e de Bento.

Eu não percebo nada de futebol. Sei que há uma bola, 11 jogadores, duas balizas, árbitros e claques. De resto, estou sempre fora de jogo.
Mas depois há o Sporting. E quando o Sporting tem encontros decisivos e em grande (com os bonecos azuis ou encarnados), eu fico meia apanhada do juízo. Enrolo o cachecol ao pescoço (às mãos, à cabeça, aos dentes, conforme os minutos de jogo) e assisto com uma devoção e fervor que só teria na missa, caso assistisse a alguma. E se me juntar com outros lagartos numa tasca qualquer, então até há amendoins e imperiais a compôr o ramalhete. É assim como se virasse mulher-homem.
Pois é, o Sporting... Que por acaso acaba de ser derrotado pelo Porto, num jogo de perder a cabeça e as unhas, ficando assim a ver a Taça por um canudo. Fiquei chateada, com certeza. Danada. C'um car%#&#. Quase três horas para aquilo? O R(e)icardo do Frangos, não tendo estado mal, ainda assim conseguiu estar pior que o jeitoso do Baía. E vou perguntar a quem realmente percebe do assunto (aos lagartos da minha vida) que raio de moda é esta agora de pôr o guarda-redes a marcar penalties só porque teve um momento brilhante há dois anos. Que coisa bimba.
O Sporting... Que ainda por cima tem aquele treinador que, embora até nem se ande a portar muito mal, parece a parte de trás de um acidente (não tem culpa, é um facto) e tem aquele penteado que não lembra a ninguém. Para além disso ainda tem um tipo de gaguez muito estranho. Mais ou menos como se eu agora, eu agora começasse a falar, a falar assim, assim a repetir cada última, última palavra. Sr. Bento: não fale. Ou então, quando tiver que dar conferências de imprensa, peça antecipadamente um teleponto com um texto em condições. E não se ponha a repetir palavras que não estão lá. O senhor não funciona bem de improviso, tenha paciência. E depois envergonha as pessoas. E não pode ser.

Se eu não fosse tanto tão do Sporting, não me admirava nada se um dia destes mudasse de clube.

quarta-feira, março 22, 2006

Playmobilidade.


I'm an angel with broken wings.


Como circulo uns milhares de metros mais abaixo, uso um carro. Mas o conceito mantém-se.

terça-feira, março 21, 2006

A previsão de Dante.

Hoje é o Dia da Floresta.
O Ministro da Agricultura, Jaime Silva, anunciou que vão ser investidos 100 milhões de euros na Estratégia Nacional para a Floresta, que foi hoje apresentada pelo Governo. A verba vai ser canalizada para o "ordenamento estrutural do território" que mais não é, disse a Excelência, que a prevenção activa da floresta. Fiquei na mesma. Parte dos trocos vão ser aplicados nos mecanismos de vigilância, na limpeza das matas, na aquisição de aviões e viaturas de combate aos incêndios.
Jaime Silva escolheu o dia certo para fazer o anúncio. Porque (i) se comemorou o Dia da Floresta e porque (ii) foi o dia em que as Corporações de Bombeiros ameaçaram não apagar fogos que deflagrem fora dos concelhos a que estão afectas, caso o Governo decida avançar com a ideia de misturar os Soldados da Paz com os Guardas Serôdios.

Acho que sim. Agora que vai haver dinheiro, não vamos ter bombeiros para manobrar as mangueiras que vêm a caminho. Não há sintonia como a portuguesa. É bonito.


Se ambas as posições se mantiverem, daqui a três meses o país vai estar a arder de cima a baixo, os bombeiros vão estar a fazer exercícios de equilíbrio em linhas imaginárias (leia-se limites administrativos dos concelhos) e, finalmente, os elementos da GNR vão estar entretidos a disparar as armas (porque hoje também foi o dia em que receberam autorização para atirar sempre que lhes apetecer, mais coisa menos coisa).

segunda-feira, março 20, 2006

O regresso.

The things you own end up owning you.


Um dia eu teria de voltar.